Segundo a Organização Mundial de Saúde, a Obesidade é definida como um excesso de gordura corporal que pode causar prejuízos no bem estar de uma pessoa.
Existem várias maneiras de identificar esse excesso de peso.
Uma das maneiras mais simples e por isso, mais utilizadas, é o cálculo do índice de massa corporal ( IMC). O IMC é igual ao peso dividido pelo resultado de altura x altura.
Em adultos, considera-se como adequado o IMC abaixo de 25. IMC entre 25 e 29 é classificado em Sobrepeso e maior ou igual a 30, Obesidade.
Já em crianças e adolescentes, a classificação do IMC vai depender da idade e do sexo, por isso, utilizamos tabelas para essa avaliação.
Infelizmente, a Obesidade Infantil tem crescido consideravelmente nos últimos anos. Vários fatores contribuem para isso, em especial, as mudanças nos nossos hábitos de vida.
Alguns anos atrás, era comum que as crianças pudessem brincar na rua. Hoje, devido a diminuição dos espaços e até mesmo da violência urbana, as crianças tem ficado cada vez mais confinadas em casa e passado cada vez mais tempo em frente a telas. Além disso, os hábitos alimentares também mudaram muito, com um aumento no consumo de alimentos industrializados e fast food e uma diminuição no consumo de alimentos frescos e vegetais. Associados a fatores genéticos, essas mudanças tem contribuído para o aumento da obesidade de maneira geral.
É importante que a Obesidade Infantil seja levada a sério e tratada adequadamente! Com um bom acompanhamento, é possível reverter essa situação!
Como abordar uma criança ou adolescente com obesidade sem chateá-la?
Nessas situações, eu costumo focar em 4 pontos:
- Desvincular o tratamento da obesidade de questões estéticas: é muito importante fortalecer a auto estima da criança, focar nas suas qualidades e deixar claro que seu valor não tem nada a ver com seu peso, mas que, o controle de peso é importante para a saúde e bem estar
- Mostrar os benefícios para a saúde, sem fazer terrorismo. Acreditem ou não, eu já atendi crianças que tinham ouvido até mesmo de profissionais, que iriam morrer se não perdessem peso. Além disso, não ser nada efetivo, ainda é cruel. Ao invés disso, eu procuro focar no que vai melhorar na vida da criança caso ela perca peso, como por exemplo, dizer que ela vai ter mais fôlego para brincar e correr e brincar com os amigos.
- Restrição gera compulsão. Eu procuro explicar para a criança que ela não está proibida de comer tudo que ela gosta, mas que ela vai aprender que alguns alimentos não devem ser consumidos com frequência ou em grande quantidade e que alimentação saudável é baseada no equilíbrio.
- Não associar alimentação saudável e atividade física a uma punição ou algo negativo. É comum as crianças ouvirem comentários do tipo: você não pode comer isso por que está acima do peso ou você precisa comer salada porque tem que emagrecer. A mensagem que isso passa é: alimentação saudável e atividade física são uma punição para quem está obeso! E isso não é verdade. Eu sempre falo para os pacientes que alimentação saudável e atividade física são uma forma de cuidar do nosso corpo e da nossa saúde, e que todos nós devemos ter bons hábitos, independente do peso.
Quais são as consequências da Obesidade Infantil?
A Obesidade carrega uma série de preconceitos e estigmas, por isso, falar sobre o tema nem sempre é fácil, principalmente quando se trata de crianças e adolescentes.
Por outro lado, nem sempre esse assunto recebe a devida importância. Muitos acreditam que a Obesidade Infantil se resolve sozinha ( o mito de que quando a criança passar pelo estirão de crescimento, ela emagrece).
No entanto, a obesidade na infância e adolescência pode trazer uma série de consequências a curto e longo prazo! Por isso, é importante diagnosticar o Sobrepeso e a Obesidade e instituir um tratamento adequado!
Entre as consequências da Obesidade Infantil, devemos citar:
- Psicológicas: isolamento social, bulling, transtornos alimentares
- Piora de problemas respiratórios, como Asma
- Má qualidade do sono, apneia do sono
- Puberdade precoce em meninas
- Diabetes tipo 2
- Pressão alta
- Colesterol alto
- Esteatose hepática (gordura no fígado)
- Doenças articulares
Crianças e adolescentes com quadro de obesidade, precisam receber o devido acompanhamento com um especialista em endocrinologista infantil.